Em memória do Luis Manuel dos Santos Paixão
Texto de José Manuel Araújo

Publicada em 2013-12-20 por ocasião do falecimento do Senhor Luís Manuel dos Santos Paixão


 

À memória de um grande Homem

 

Algumas pessoas não couberam na vida que lhes foi dado viver. O Luís Paixão foi uma delas.

Como poucos, soube compreender o verdadeiro alvo da flecha que sai, lançada pela perfeição do gesto corporal, só possível num espírito sereno.

Tive a ventura de partilhar com ele muitos anos de prática e alguns momentos de lazer, em que a sua gentileza e sabedoria me enriqueceram e me ajudaram a persistir na nossa Via comum, de aperfeiçoamento pessoal e elevação espiritual, o Budo. Para alguns, que nada compreendem, o acertar no alvo é a meta; o caminho destes é breve e esgota-se em poucos anos. Para os verdadeiros iniciados, a Via transporta-nos à infinitude, porque a meta está para além da própria vida. O rigor técnico, o cumprimento do ritual, são apenas um meio para atingir um objectivo muito superior, que ocupa todos os níveis da existência humana e a aproxima do divino.

A sua invulgar cultura e a amplitude dos seus interesses eram o reflexo exterior do anseio de conjugar os mais elevados valores éticos com a estética mais refinada, características de uma nobreza intrínseca, a poucos reservada.

A sua estadia entre nós não deveria ter sido tão breve. O seu desaparecimento físico prematuro deixou-nos uma sensação de incredulidade e vazio. A tristeza veio logo depois, acompanhada pelo sofrimento por todos aqueles que o amavam.

Crentes ou não, tenhamos todos a certeza de que nos continuará a guiar com o seu exemplo, a sua bondade infinita, a sua gentileza.

Sei que o Luís não morreu, apenas ascendeu a um plano mais elevado, onde nos contempla com a sua divina humanidade.

 

José Manuel Araújo

Um grande abraço.

 

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